Entre as principais doenças da retina está a retinopatia diabética, que atinge cerca de 5% a 6% da população brasileira. Existem cerca de 15 a 20 milhões de pacientes diabéticos no país; desses, quatro milhões de indivíduos (30%) são portadores de retinopatia diabética. Outra doença da retina de alta prevalência é a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), que acomete cerca de 20% a 35% da população acima de 60 anos de idade. Outras patologias da retina mais frequentes são o edema de mácula diabética (EMD), com prevalência global de 21 milhões de pessoas, e a oclusão venosa da retina (prevalência global de 16 milhões). Um dado importante é que a prevalência dessas doenças está associada com o aumento da idade. “Estima-se que a população com mais de 60 anos de idade deva dobrar ate 2030, o que resultará em aumento dessas doenças. Dessa maneira, consultas periódicas com o oftalmologista tornam-se imprescindíveis a partir dos 40 anos”, orienta José Augusto Cardillo, oftalmologista do Serviço de Retina e Vítreo da USP de Ribeirão Preto e do Serviço de Farmacologia Ocular da UNIFESP-EPM. “Sabe-se que 8% dos casos de cegueira são consequentes à retinopatia diabética e cerca de 10% dos casos de cegueira legal, ou seja, visão pior do que 20/200 em ambos os olhos, são em decorrência da DMRI”, diz o professor livre-docente de Oftalmologia, Cirurgia de Retina e Vítreo da Universidade Federal de São Paulo, Mauricio Maia, diretor do Serviço de Cirurgia Vitreorretiniana do Instituto Brasileiro de Combate à Cegueira de Assis e Presidente Prudente, SP, ressaltando que a retinopatia diabética deve ser prevenida com o controle rigoroso do diabetes. “Mas sabe-se que tal controle é muito difícil em nosso país, pois cerca de metade de nossa população nem sabe que é portadora de diabetes”, afirma. Em relação às modalidades existentes para o tratamento dessas doenças, Daniel Lavinsky, professor de Oftalmologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, esclarece que atualmente se utiliza a fototerapia a laser, que inclui fotocoagulação a laser e fotoestimulação em doenças como retinopatia diabética proliferativa (fotocoagulação), edema macular diabético e secundário à oclusão venosa, associados ou não à terapia antiangiogênica, e coriorretinopatia serosa central crônica (fotoestimulação). “As aplicações de laser têm o objetivo primordial de evitar a piora da retinopatia e maculopatia, porém com métodos otimizados de fotoestimulação térmica com laser de Pascal ou micropulso pode-se esperar melhora na acuidade visual”, enfatiza. Na opinião de Maia, a fotocoagulação a laser ainda tem um papel fundamental para o tratamento da retinopatia diabética e, juntamente com os antiangiogênicos, são padrão ouro para o tratamento da doença. “Entretanto, novamente ressalto que o mais importante para evitar a progressão da retinopatia diabética é o controle rigoroso do diabetes, bem como da hipertensão arterial sistêmica, uma comorbidade que está muito frequentemente associada ao diabetes sistêmico”, alerta. Além das novidades técnicas de Pascal e micropulso, Lavinsky informa que existem métodos mais recentes ainda em fase experimental de terapia seletiva ao epitélio pigmentado, seja com micropulsos (SRT) ou com nanopulsos (2RT). “Essas técnicas consistem na ablação seletiva das células do EPR que se regeneram ou se multiplicam e refazem a barreira hematorretiniana externa, principalmente em casos em que há dano a células do EPR, como CSC e drusas, mas também edema macular diabético”, acrescenta o médico.